sexta-feira, 10 de julho de 2020

A SAGA DE UM TRABALHADOR "TEIMOSO"...


Prezado leitor, prezada leitora, compartilho com você, de modo resumido, a trajetória profissional que tenho feito com a graça de Deus e muita persistência, ao longo dos anos, procurando seguir de modo fiel a cronologia dos fatos (Carteira de Trabalho ajudou na elaboração):

Na adolescência: "trabalhei" vendendo picolé, "suquinho", recolhendo restos de frutas e verduras na feira do bairro para vender a um vizinho que cuidava de porcos e também vendendo, sempre à partir das quatro e meia da manhã, pão francês pelas ruas do morro onde moro. Esses começos humildes já serviam para me ensinar valores como persistência, trabalho em equipe, realização pessoal pela recompensa obtida pelo esforço e comprometimento com o trabalho.

Aos 19 anos: meu primeiro emprego numa empresa terceirizada da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD, hoje apenas Vale). Nossa atividade consistia basicamente de arrancar o revestimento interno de madeira em vagões graneleiros, o que nos levava a suportar altas temperaturas dentro daquelas estruturas de aço. Naquele tempo, por causa dessa atividade, fomos apelidados de "cupins" pelos colegas de trabalho. Apelido pertinente... rs.

Aos 21: classificado como "Mecânico" numa das empresas terceirizadas da Vale.

Aos 25: frentista num posto de gasolina.

Aos 25: admitido como "Operador de produção" numa empresa de fabricação e revestimento de tubos de aço.

Aos 29: admitido como coordenador pedagógico de cursos numa escola de Teologia e Psicanálise. Com apenas três meses de colaboração na escola, fui nomeado o Diretor Geral da instituição porque o então Diretor, e também proprietário, assumia outra escola e precisava contar comigo naquele momento.

Aos 34: admitido como coordenador pedagógico e gestor de polos numa grande faculdade do Rio de Janeiro.

Aos 36: admitido como docente e coordenador pedagógico numa grande faculdade do Espírito Santo.

De "cupim" a coordenador pedagógico, escritor e docente no ensino superior. A despeito dessa evolução, admito que alguns sentimentos e posturas permanecem comigo desde os tempos de "cupim" até aos atuais dias de coordenador pedagógico. Esses sentimentos e posturas perpassaram comigo todas as experiências profissionais que tive e tenho tido, funcionando como uma espécie de modus operandi para mim.

O primeiro sentimento que posso citar é o de que a incerteza profissional é uma certeza! Nosso país se coloca como um lugar de muitas incertezas para todos nós, e por isso, é preciso se qualificar sempre.

Uma postura que sempre procurei assumir é a de ter humildade para aprender, sempre. Mesmo chegando num novo emprego "carregando" experiências anteriores, tenho visto que cada espaço de trabalho possui suas especificidades, que devem ser assimiladas.

Outra postura que sempre procurei ter é a de respeito aos que já estava ali antes de eu chegar. Há pessoas que chegam num ambiente de trabalho sentindo-se reinventoras da roda sem considerar o fato de que ali estão pessoas que lançaram alicerces, erigiram colunas, suportaram tempestades e ajudaram na consolidação de uma estrutura que eu já encontrei pronta.

Outro sentimento que sempre carreguei comigo é que meu trabalho nunca acaba quando saio da empresa. Foi assim que aprendi a escrever, diagramar e editorar livros, criar cursos, falar em público, lecionar, navegar na internet, usar o Pacote Office [um conhecimento fundamental ao que faço, hoje], dentre outras competências desenvolvidas. É verdade que preciso de férias, mas enquanto muitos passeavam, comiam lanche e torravam seu dinheiro, eu investi meu tempo em aprender coisas úteis, adquirir novas competências, e claro, estudar! Não os critico por isso. Eles podiam fazer isso. Eu não! Ainda me lembro de chegar do trabalho e ir para o computador e depois para a faculdade a noite, depois de uma jornada extenuante de trabalho rolando tubos de centenas de quilos naquela bancada.

Ainda outro sentimento do qual nunca abri mão em minha vida profissional é o de que preciso ser grato àqueles que me abriram portas! Isso tem me levado a entrar e sair de modo pacífico dos lugares onde trabalhei e da relação com as pessoas com as quais trabalhei.

Um sentimento que sempre carrego comigo, mas que, diferentemente dos outros, desse quero me livrar um dia, e para isso procuro me melhorar: às vezes tenho a impressão de que falo demais e preciso ser mais moderado... rs.

Por fim, concluo afirmando que tenho aprendido, ao longo desses anos, que um dos segredos da vida é entender que, a despeito da condição social a que estamos submetidos, o que importa não é tanto O QUE TEMOS QUE FAZER e O QUE NOS DÃO PARA FAZER, mas sim O QUE VAMOS FAZER COM AQUILO que temos que fazer e com o que nos dão para fazer. Noutras palavras: o que faço pode até ser o que não quero fazer em termos de realização pessoal, mas ao longo de todos esses anos, tenho usado isso como "plataforma" para o que desejo fazer em termos de realização pessoal.

Hoje, posso dizer que faço o que amo fazer. A despeito dos desafios, limitações (inclusive as minhas) e incertezas que enfrento como profissional, continuo sendo "teimoso" e prossigo. Se uma porta se fecha aqui, outra se abre ali e assim vou seguindo em frente. O que vem pela frente? Deus o sabe e eu prossigo, "teimoso" como sou...

Exegese bíblica

  Por  Roney Cozzer ,  teólogo e psicanalista. Este artigo foi extraído de: COZZER, Roney R.  Enciclopédia teológica numa perspectiva transd...