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domingo, 26 de abril de 2020
PODCAST: FALÁCIAS DA FORMA COMO EVANGÉLICOS BRASILEIROS AVALIAM A POLÍTICA
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sábado, 25 de abril de 2020
E-BOOK GRÁTIS: DIFICULDADES BÍBLICAS
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sexta-feira, 24 de abril de 2020
CÂNON BÍBLICO | SÉRIE TEOLOGIA EM MINIATURA | VÍDEO 02
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terça-feira, 21 de abril de 2020
BIBLIOLOGIA | SÉRIE TEOLOGIA EM MINIATURA | VÍDEO 01
Este é o primeiro vídeo de uma série intitulada "Teologia em miniatura". Neste primeiro vídeo, falo sobre a disciplina Introdução à Bíblia.
A ideia é compartilhar com o internauta definições objetivas e indicações de livros sobre disciplinas e temas da Teologia.
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domingo, 19 de abril de 2020
SUBSTITUIÇÕES INDEVIDAS NO MOVIMENTO PENTECOSTAL (ESBOÇO DE SERMÃO)
TEXTO BÍBLICO
“E
perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas
orações. Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por
meio dos apóstolos. Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam
as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que
alguém tinha necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam
pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de
coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto
isso, o Senhor lhes acrescentava, dia a dia, os que iam sendo salvos” (ATOS
2.42-47, NAA).
Este, sem dúvida, é um daqueles
sermões difíceis de serem transmitidos. Uma mensagem “pesada”, mas necessária.
No livro de Atos dos Apóstolos encontramos referenciais para nós, hoje, no
século 21, e não um padrão de perfeição, visto que nem a Igreja no primeiro
século estava isenta de falhas e imperfeições. Mesmo assim, em Atos podemos
perceber um modus vivendi que deve servir de inspiração para
nós. Ali temos representado um perfil de Cristianismo a ser imitado, a ser
experienciado por nós.
O Movimento Pentecostal cresceu
muito no Brasil e no mundo. A partir dos eventos ocorridos em Azusa Street, em
Los Angeles (EUA), em 1906, as igrejas pentecostais espalharam-se pelo Brasil e
por outros países, que foram alcançados pela chama pentecostal.[1] Hoje, muitos movimentos são identificados como
“pentecostais”, mas é preciso lembrar que nem todos os pentecostais concordam
com tudo que se apresenta como “pentecostal”.[2] O
Pentecostalismo Clássico preza por valores cristãos bem definidos, valoriza as
Escrituras e a experiência com Deus e a ordem no culto ao Senhor.
Infelizmente, ante essa confusão em
torno da experiência pentecostal genuína, muitos valores vem sendo deixados de
lado e tem ocorrido nas igrejas pentecostais históricas o que chamo, aqui neste
esboço, de substituições indevidas no Movimento Pentecostal. Consideremos
elas, a seguir, e também as respostas que devem ser dadas tendo a Palavra de
Deus como base.
1. OBSESSÃO PELO GRANDE
Existe uma busca desenfreada pelo
que é grande, pelo que chama a atenção, pelo que é dotado de muitos recursos. O
evangélico brasileiro acostumou-se a conviver com líderes que se comprazem em
mostrar estruturas e nem tanto programas de formação humana e de assistência
social. Avalia-se a qualidade de uma igreja pelo tamanho do prédio que ela tem
e quanto maior for o número de congregações, maior será o ministério. Noutras
palavras, o conceito de “maior” foi reduzido a números.
Jesus, precisamos lembrar, nasceu
numa manjedoura, foi criado por pais paupérrimos e falou a poucas pessoas, por
vezes. O Reino de Deus não opera com a lógica do mercado e para Deus, o maior
pode ser o menor, e o menor o maior; o primeiro poderá ser o último, e o último
o primeiro.
2. OBSESSÃO POR FAMA E VISIBILIDADE
Estabeleceu-se no Movimento
Pentecostal uma verdadeira obsessão por fama e visibilidade, o que tem levado
nossos púlpitos a serem usados mais para exibição humana do que para a
proclamação da Palavra de Deus. Essa substituição indevida ocorre também quando
preferimos os famosos em lugar dos importantes. Tornou-se comum pagar caro para
trazer em nossas igrejas cantores e pregadores que cobram altos cachês,
enquanto temos entre nós pessoas que por anos se dedicam à igreja local,
produzindo frutos e cujo caráter conhecemos. Todavia, esse interesse em trazer
para nosso meio os “famosos” só evidencia que nos tornamos obsessivos por fama
e por visibilidade. Isto tem contribuído também para o que pode ser chamado de
“estrelismo na casa de Deus”.
3. A POMPA EM LUGAR DA SIMPLICIDADE
TÍPICA DO EVANGELHO
Criticamos tanto o Catolicismo por
sua pompa e ostentação, mas infelizmente, neste quesito, nosso pecado vem se
tornando pior que o dos católicos. Aqui, são pertinentes as palavras do pastor
protestante francês Laurent Gagnebin (1997):
O templo e o culto protestantes não
têm de se vestir de ornamentos ilusórios e supérfluos; com efeito, a sua nudez
remete para a glória somente de Deus. A precariedade protestante encontra então
no provisório uma parte da sua encarnação. Os templos não foram feitos para
durar [...]. Num culto demasiado brilhante, o protestante fareja qualquer coisa
de adulterado e, sobretudo, uma vaidade sempre possível. “A Deus somente a
glória”. No espírito protestante, a riqueza da Igreja – e das igrejas – é
excessiva. Não manifestará ela uma infidelidade chocante face à cruz de Jesus?[3]
As palavras – lancinantes! – de
Gagnebin podem parecer estranhas para alguns pentecostais, mas são o reflexo de
um pensamento genuinamente cristão. A simplicidade deve ser uma marca do crente
em Jesus e do culto verdadeiramente pentecostal. Infelizmente, muitos cultos e
outros eventos pentecostais mais se parecem com shows do que
com cultos, de fato.
4. PERFORMANCE EM LUGAR DA VOCAÇÃO
Isto tem dado lugar ao mercenarismo
no contexto cristão. Nota-se uma preocupação excessiva em cumprir um papel mais
do que comunicar o evangelho. Nossos púlpitos foram tomados por atores e os
despenseiros do evangelho perderam lugar. Temos convivido com personagens em
nossos cultos, cuja alma não se pode “ver” em suas prédicas. E nessa esteira,
nossas crianças estão sofrendo um sério problema: comportam-se como adultos em
decorrência de influência adulta (adultização precoce de crianças). Pregadores
e cantores mirins com agenda de “gente grande”! Um assunto sério e que precisa
ser seriamente revisto por nós (Cf.: 1 Co 13.11).
5. MENSAGEM ANTROPOCÊNTRICA EM
LUGAR DA MENSAGEM CRISTOCÊNTRICA
Essa substituição indevida tem dado
lugar ao triunfalismo religioso, que substitui a mensagem da cruz de Cristo por
uma mensagem que promete vitória e vitória. Mensagens de êxito pessoal são
apresentadas ao povo sem a exposição bíblica de que é preciso haver compromisso
com Deus e de que a vida cristã implica também em sofrimento. E ainda: estamos
presenciando uma ênfase exagerada em mensagens de vitória substituindo
mensagens evangelísticas durante nossos cultos. Infelizmente, já não vemos mais
“evangelistas” pregando a partir de nossos púlpitos.
6. APARENTE ESPIRITUALIDADE EM
LUGAR DO CARÁTER
Pessoas há que aparentam serem
homens e mulheres de Deus, mas não expressam em seu viver diário um compromisso
real e genuíno com o Deus da Palavra e com a Palavra de Deus. Basta proferirem
algumas palavras em línguas estranhas e os crentes concluem que essas pessoas
são realmente espirituais e tem uma vida profunda com Deus, quando na verdade,
conforme ensinou o Mestre amado, é “[...] pelo fruto [que] se conhece a árvore”
(Mt 12.33, NAA[4]).
7. HERESIAS E MODISMOS TEOLÓGICOS
EM LUGAR DA REFLEXÃO BÍBLICA SÉRIA
O determinismo religioso percebido
em expressões como “eu determino”, “eu abençôo”, dentre outras similares,
tornou-se uma tendência em igrejas pentecostais. Mas esse modismo teológico não
é a única ameaça à integridade doutrinária de nossas igrejas. Há outras, que
precisamos conhecer e responder com a mensagem e a vivência simples do
evangelho.
A Teologia da Prosperidade é outra
dessas ameaças constantes em nosso contexto. Mesmo que denominações
pentecostais históricas, como a Assembleia de Deus, não aceitem oficialmente a
Teologia da Prosperidade[5], ela está presente no
momento do ofertório. Essa “mecânica” tão comum em nossos cultos que ensina que
quanto mais ofertamos mais recebemos de Deus em troca, nada mais é que o
reflexo da presença da Teologia da Prosperidade entre nós. Mas o ensino bíblico
sobre contribuição financeira não se baseia nessa “mecânica”, mas sim no
princípio de liberalidade e do amor ao próximo. Não tem nada que ver com esse
utilitarismo atrelado ao ato de ofertar, tão fomentado pelos teólogos da
prosperidade.
8. ENTRETENIMENTO MUSICAL EM LUGAR
DA ADORAÇÃO
Nossos templos, hoje, estão
equipados com o melhor dos equipamentos de som e instrumentos musicais (e isso
deve de fato ser explorado pelo povo evangélico), mas nem sempre vemos isso ser
usado para a glória de Deus. Pelo contrário, temos visto isso ser usado para a
promoção de pessoas no meio evangélico. Desse modo, disputa-se uma oportunidade
para cantar, mas com a motivação de ser promovido ou promovida. Música
profissional não deve ser confundida com adoração a Deus. Podemos sim ter entre
nós adoradores que são músicos profissionais, o problema é quando temos músicos
profissionais que não são adoradores... Pensemos nisto.
9. IRREVERÊNCIA E APATIA ESPIRITUAL
EM LUGAR DA REVERÊNCIA E TEMOR NO CULTO
Essa substituição ocorre quando o
culto se torna mero encontro social e religioso. Ocorre também quando o culto
se torna enfadonho e cansativo para nós, como acontecia nos dias do profeta
Malaquias: “Eis aqui, que canseira!” (Ml 1.13a). Tornou-se comum para muitos
pentecostais a ideia – totalmente equivocada – de que um culto para ser
verdadeiramente pentecostal precisa ser marcado por gritarias, loucuras
comportamentais, gestos insanos e outras bizarrices que temos presenciado nos
últimos anos e que recebe o nome de “culto pentecostal”. Mas um pentecostal
clássico, naturalmente, estranha essa ideia. Nosso entendimento é que quanto
mais reverente o culto pentecostal for, quanto mais solene ele se mostrar, mais
propício será para a ação poderosa do Espírito Santo. Particularmente, fui
educado a tratar o momento do culto pentecostal seguindo alguns princípios que
compartilho a seguir: chegar antes do culto começar; em chegando mais cedo,
entrar ao templo e orar pelo culto[6]; não conversar
durante o culto; ouvir atentamente a exposição bíblica; não ficar andando
durante o culto e evitar frequentar o banheiro do templo; cantar conjuntamente
com a congregação, assim como orar também de modo racional e equilibrado,
dentre outros princípios.
CONCLUSÃO
A Igreja de Cristo deve ouvir Sua
poderosa voz. Deve seguir nos seus passos, fazendo Sua vontade. É triste quando
absorvemos os padrões de comportamento de uma era secularizada e que não
conhece a Deus. Devemos lembrar do ensino de Jesus em Mateus 5.13 e vivê-lo. Só
assim poderemos de fato resgatar valores fundamentais ao genuíno
Pentecostalismo, preservando sua pureza e alegria de vivê-lo.
Para baixar o arquivo em PDF, clique aqui.
Roney Cozzer serve como presbítero na Assembleia de Deus, professor de Teologia, autor e palestrante. Atua como docente, tutor EAD e coordenador pedagógico na Faculdade Brasileira (FABRA). Contato: roneyricardoteologia@gmail.com
[1] Confira
o artigo Movimento Pentecostal à Teologia, Contribuições do.
[2] Confira
o artigo Pentecostalismo, Uma defesa do.
[3] GAGNEBIN,
Laurent. O Protestantismo. Lisboa, Portugal: Biblioteca Básica
de Ciência e Cultura, Instituto Piaget, 1997, p. 89.
[4] Grifo
meu.
[5] Diferentemente
da Igreja Universal do Reino de Deus, que assume abertamente a Teologia da
Prosperidade.
[6] Orar
mesmo e não apenas cumprir gestos mecânicos como ajoelhar e sequer saber o que
se está falando.
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quinta-feira, 16 de abril de 2020
LIVE COM DR. JÚLIO LAZZARI (SP)
VAI PERDER?
Olá! Passando para lhe convidar para estar conosco na Live do dia 18 próximo, às 17 h, quando serei entrevistado pelo Dr. Júlio Lazzari (SP), para refletirmos sobre temas relacionados à Teologia. Não deixe de assistir via Instagram (link abaixo).
Pergunte, comente e compartilhe.
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domingo, 12 de abril de 2020
APOSTILA: BREVE ANÁLISE DA EPÍSTOLA DE TIAGO
APOSTILA: BREVE ANÁLISE DA EPÍSTOLA DE TIAGO
Roney Cozzer [1]
SUMÁRIO
|
|
INTRODUÇÃO
| |
I. PERSEVERANÇA E A OBSERVÂNCIA DA
PALAVRA DE DEUS EM DIVERSOS ASPECTOS (CAP. 1)
| |
1.1. Saudação e considerações iniciais
(vv. 1,2)
|
|
1.2. Adversidade que ensina (vv. 2-4)
|
|
1.3. A sabedoria que vem do alto (vv.
3-8)
|
|
1.4. Repreensão aos ricos opressores
(vv. 9-11)
|
|
1.5. A importância de suportar a
provação e a origem do bem (vv. 12-18)
|
|
1.6. Praticando a Palavra de Deus (vv.
19-27)
|
|
II. FÉ E OBRAS (CAP. 2)
|
|
2.1. Sobre a acepção de pessoas (vv.
1-13)
|
|
2.2. Fé e obras: uma combinação
necessária à vida cristã (vv. 14-26)
|
|
III. SOBRE O REFREAR A LÍNGUA E A
SABEDORIA QUE VEM DO ALTO (CAP. 3)
|
|
3.1. Um pequeno fogo que incendeia um
tão grande bosque (vv. 1-12)
|
|
3.2. A sabedoria do alto (vv. 13-18)
|
|
IV. CONTENDAS, MALEDICÊNCIAS E A
FALIBILIDADE DAS PERSPECTIVAS HUMANAS (CAP. 4)
|
|
4.1. Contendas e a humilhação diante
de Deus (vv. 1-10)
|
|
4.2. O perigo da difamação (vv.
11,12)
|
|
4.3. A importância de se depender de
Deus, sempre (vv. 13-17)
|
|
V. ORIENTAÇÕES DIVERSAS (CAP. 5)
|
|
5.1. As riquezas fora da vontade de
Deus (vv. 1-6)
|
|
5.2. Paciência sob opressão (vv.
7-11)
|
|
5.3. Orientações diversas sobre o
proceder cristão (vv. 12-20)
|
|
CONCLUSÃO
|
INTRODUÇÃO
Esta
pequena epístola, sem dúvida, é um dos documentos mais importantes para o
Cristianismo ao longo dos séculos. Martinho Lutero muito se equivocou ao
referir-se à ela como "Epístola de Palha"[2].
Embora sua leitura tenha sido essencialmente cristológica, e justamente por não
encontrar referências diretas a Cristo na epístola, ele a reputou como sendo de
menor importância. Mas o fato é que Tiago tem um valor impreterível para o Novo
Testamento e se constitui como um breve tratado sobre a prática da vida cristã.
De forma simples, mas profundamente direta, Tiago, "servo de Deus e do
Senhor Jesus Cristo" (1.1), expõe questões vitais para a vida daqueles que
professam amar ao Senhor e ao próximo. Em cinco capítulos, assuntos como
sabedoria, a fé em tempos de tribulação, a observância da Palavra, a oração
pelos enfermos, dentre outros, são tratados com uma singularidade
extraordinária. Tiago é assim, uma importante e relevante e, por que não dizer,
atual epístola.
I. PERSEVERANÇA E A OBSERVÂNCIA DA
PALAVRA DE DEUS EM DIVERSOS ASPECTOS (CAP. 1).
1.1. Saudação e considerações iniciais
(vv. 1,2).
Numa
breve saudação, o autor se identifica: ele é Tiago, "servo de Deus e do
Senhor Jesus" (1.1). Ele é, mui provavelmente, um dos apóstolos de Jesus,
mas antes disso, é servo. Isto muito tem a nos ensinar, sem dúvida. A humildade
e discrição do apóstolo fica evidente por toda a epístola. Ele não explora o
fato de ser o irmão do Senhor, como se isso o colocasse numa posição
privilegiada. Antes, pelo contrário, ele é servo e se refere aos seus leitores
de modo afetuoso: "meus irmãos..." (1.2).
1.2. Adversidade que ensina (vv. 2-4).
O
irmão do Senhor ensina que a aprovação depende da provação. Essa provação
produz aprovação diante do Senhor. Em outras palavras, o sofrimento tem uma
finalidade didática. Aqui, há um paralelo com a Primeira Epístola de Pedro[3]
que também aborda o assunto do sofrimento, deixando claro que "se for da
vontade de Deus, é melhor que sofrais por praticardes o que é bom do que
praticando o mal" (1 Pe 3.17).
1.3. A sabedoria que vem do alto (vv.
3-8).
Na
Bíblia temos toda uma seção composta exclusivamente de livros de sabedoria, os
chamados Livros Poéticos do Antigo Testamento. Mas é fato que o tema
"Sabedoria" é tratado em diversas outras partes da Bíblia, como se
pode ver aqui em Tiago 1.3-8.
1.4. Repreensão aos ricos opressores
(vv. 9-11).
Tiago
aqui chama a atenção para a brevidade da vida e que "o rico, na sua
insignificância... passará como a flor da erva" (v. 10). O assunto é, num
certo sentido, retomado em 2.1-13.
1.5. A importância de suportar a
provação e a origem do bem (vv. 12-18).
A
tentação não tem origem em Deus. Ela tem origem no próprio coração pervertido
do homem. Este ensino presente em Tiago lembra o ensino do Mestre: "Pois
do interior do coração dos homens vêm os maus pensamentos, as imoralidades
sexuais, os roubos, os homicídios, os adultérios, as cobiças, as maldades, o
engano, a devassidão, a inveja, a calúnia, a arrogância e a insensatez"
(Mc 7.21,22).
Se
o mau procede da inclinação pecaminosa do homem, "toda boa dádiva e todo
dom perfeito são lá do alto" (v. 17), conforme ensina o apóstolo.
1.6. Praticando a Palavra de Deus (vv.
19-27).
É
interessante que esta perícope esteja situada aqui, já que os versículos
precedentes trouxeram algumas orientações justamente sobre a vida cristã
verdadeira. Praticar a Palavra de Deus - "em vós implantada" (v. 20)
- é a diferença entre ser ou não enganado por si mesmo (v. 22). Tiago usa as
palavras "praticantes" e "lei". O pano de fundo está sendo
preparado para o ensino seguinte que realçará a relação entre fé e obras:
"Assim como o corpo sem espírito está morto, também a fé sem obras está
morta" (2.26 - NVI).
II. FÉ E OBRAS (CAP. 2).
O
capítulo dois da epístola de Tiago traz recomendações sobre o perigo de se
fazer acepção de pessoas e o problema da fé sem obras. Certamente, este
capítulo pode ser considerado "o capítulo dos contrastes", já que o
apóstolo coloca lado a lado duas realidades atinentes à vida cristã que devem
ser harmonizadas - pobres e ricos e fé e obras - mas que por vezes uma é sempre
mais valorizada.
2.1. Sobre a acepção de pessoas (vv.
1-13).
O
Evangelho dignifica o homem, e une os diferentes. Em Cristo não há judeu e nem
gentio, bárbaro e cita, escravo e livre, "mas Cristo é tudo e está em
todos" (Cl 3.11). Este ensino está presente também aqui, onde Tiago discorre
sobre a importância de se tratar de forma igualitária pobres e ricos e no
versículo nove é incisivo: "se, todavia, fazeis acepção de pessoas,
cometeis pecado, sendo arguidos pela lei como transgressores" (ARA).
2.2. Fé e obras: uma combinação
necessária à vida cristã (vv. 14-26).
As
obras são vistas aqui como resultado de uma fé viva. Tiago usa perguntas
retóricas para iniciar o assunto, no versículo 14. A fé deve servir para
demonstração da bondade ao semelhante, conforme os versículos 15 a 17. Timothy
B. Cargal, teólogo pentecostal, faz o importante comentário a respeito dessa
passagem:
Essa dupla preocupação por tudo de "bom" que a
fé deveria proporcionar representa uma importante lembrança para a nossa
cultura individualista. Fé não é apenas salvar a alma individual do julgamento
eterno, mas também construir comunidades a fim de mostrar o amor de Deus não só
no meio dos próprios crentes, mas também no mundo em que vivem[4].
Exemplos
do Antigo Testamento são tomados para explicitar essa relação proposta por
Tiago, indicando que esta verdade não é nova em Tiago, mas já vem desde tempos
antigos. A fé verdadeira, mais do que simplesmente afirmada, é praticada, como
o fizeram Abraão e Raabe, sendo aquele chamado de amigo de Deus.
III. SOBRE O REFREAR A LÍNGUA E A
SABEDORIA QUE VEM DO ALTO (CAP. 3).
Novamente
encontramos aqui um claro contraste: os perigos de uma língua não refreada e a
sabedoria que vem do alto. Este texto demonstra algo fundamental, mas que por
vezes não nos damos conta: a importância do discurso na condução da vida[5]. A
vida e a morte podem estar aqui residindo e, portanto, todo cuidado é
necessário.
3.1. Um pequeno fogo que incendeia um
tão grande bosque (vv. 1-12).
O
capítulo inicia com uma interessante advertência de Tiago no sentido de que
"não vos torneis, muitos de vós, mestres, sabendo que havemos de receber
maior juízo" (v. 1), o que pode indicar que o ensino subsequente é na
verdade um alerta quanto ao uso indevido da posição de professor ou mestre.
Veja que no versículo seguinte, o dois, ele afirma que os mestres também erram
e ele mesmo se inclui nesta declaração: "tropeçamos".
Desse
modo, começa a chamar a atenção para o perigo do mau uso da língua, um
"pequeno órgão" (v. 5), mas que é "mundo de iniquidade" (v.
6). Duas metáforas são usadas: a do leme e a do fogo. É retratada como sendo
indomável e como uma fonte de onde brotam bênção e maldição. Tiago termina esta
seção perguntando se é possível brotar água doce e amarga de uma mesma fonte e
se pode a figueira dar azeitonas ou a videira figos (vv. 11,12). Perguntas
retóricas usadas para ilustrar o ensino presente na passagem que aponta para a
natureza da língua que precisa ser conformada com a sabedoria do alto.
3.2. A sabedoria do alto (vv. 13-18).
Alguém
já escreveu que a verdadeira sabedoria orienta para a vida. Mais do que um
acumulado de informações e saberes de diversos campos do conhecimento humano, a
verdadeira sabedoria conduz, de forma prática.
A
verdadeira sabedoria, conforme o ensino da presente epístola, é demonstrada em
ações concretas no mundo, por meio de "mansidão de sabedoria, mediante
condigno proceder" (v. 13). Aqui reside uma beleza ímpar do Evangelho: a
sua exigência quanto à um viver prático.
Tiago
indica que há uma sabedoria que não procede do Pai, mas que é "terrena,
animal e demoníaca" (v. 15). Essa sabedoria é contrastada com aquela que
vem de Deus e produz paz, é indulgente
(ARA), isto é, cordata, que gera bons frutos, dentre outras características
alistadas no versículo 17.
IV. CONTENDAS, MALEDICÊNCIAS E A
FALIBILIDADE DAS PERSPECTIVAS HUMANAS (CAP. 4).
Este
capítulo da Bíblia toca, de forma muito simples, mas vívida, a realidade das
pessoas. Quem de nós nunca fez planos? E quem de nós nunca percebeu a presença
do espírito faccioso, da inveja e de contendas entre irmãos? É preciso, como
Igreja Brasileira, retornar ao puro e genuíno ensino presente neste texto.
4.1. Sobre contendas e a humilhação
diante de Deus (vv. 1-10).
A característica de "staccato" (ou de
"separação de frases") vista nas frases curtas dos versos 2 e 3 de
Tiago, une-se à ausência daquela pontuação convencional da língua grega,
tornando difícil o presente relacionamento entre suas ideias na tradução
portuguesa. Talvez o melhor equilíbrio entre o estilo e as ideias seja
alcançado traduzindo-se os versos em dois paralelos, onde a primeira linha de
cada um representa as atitudes interiores que dão origem às ações apresentadas
na segunda.
"Você deseja, mas não tem; então você mata.
Você tem inveja, mas é incapaz de conseguir;
então, você guerreia e peleja" (tradução pessoal do
autor)[6].
De
fato, nota-se neste capítulo uma alternância interessante de assuntos que vão
sendo desenrolados por Tiago na medida em que vai avançando na sua linha de
raciocínio. Ele fala da origem das pelejas entre irmãos, da cobiça, sobre o
pedir incorretamente, a infidelidade para com Deus, o ciúme do Espírito Santo
pelo crente, a sujeição a Deus e o achegar-se e humilhar-se perante Ele.
4.2. O perigo da difamação (vv. 11,12).
Aqui,
Tiago comenta que o julgamento do próximo coloca o julgador na condição de
juiz, mas Um só é o Juiz e Legislador, conforme se lê no versículo 12. Vale
lembrar que para Tiago, os homens são feitos à semelhança de Deus e talvez por
isto seja tão perigoso julgar o próximo (cf. 3.9).
4.3. A importância de se depender de
Deus, sempre (vv. 13-17).
O
homem por vezes se porta com arrogância e petulância, mas a vida humana é
frágil e possui muitas limitações. Tiago é incisivo ao afirmar: "Vós não
sabeis o que sucederá amanhã" (v. 14). A recomendação bíblica é depender
do Senhor, confiar Nele. Isso é subentendido pela afirmação de Tiago: "Em
vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser..." (v. 15).
V. ORIENTAÇÕES DIVERSAS (CAP. 5).
O
último capítulo desta epístola traz várias recomendações preciosas e também
advertências severas contra os ricos opressores. Ricos que oprimiam pobres para
satisfazer seus próprios desejos impuros.
5.1. As riquezas fora da vontade de Deus
(vv. 1-6).
Tiago
denuncia com veemência os ricos que retinham os salários dos trabalhadores de
forma fraudulenta (v. 4). A vida desses ricos foi regalada, cômoda,
confortável. O apóstolo sai em defesa da justiça e da santidade no trato com o
pobre.
Mais
uma vez notamos nesta epístola uma mudança abrupta de assunto. Mas é válido
mencionar que isto pode ser aparente, como se vê adiante.
5.2. Paciência sob opressão (vv. 7-11).
A
partir do versículo sete, o apóstolo começa a convocar os seus leitores à que
sejam pacientes face à opressão. Certamente ele está mudando o foco do seu
ensino. Antes, os ricos opressores. Agora, os pobres oprimidos. Diante dessas
injustiças e aflições, é preciso fortalecer o coração (v. 8). Os cristãos que o
liam eram então lembrados de que outros irmãos, anteriores à eles, haviam
sofrido muito, tanto quanto eles mesmos estavam sofrendo. Tiago cita os
profetas no versículo 10 e o patriarca Jó, no vesículo 11, e conclui esta seção
afirmando que "felizes os que perseveram firmes" (v. 11).
5.3. Orientações diversas sobre o
proceder cristão (vv. 12-20).
Encontramos
no versículo 12 a recomendação para que não se jurasse, e ele parece estar
retomando aqui o ensino do Senhor Jesus (cf. Mt 5.33-37). A seguir recomenda
que em casos de sofrimento e de doença, a solução é oração, e se alguém estava
contente, que entoasse louvores ao Senhor (vv. 13-15). Este é um dos
pouquíssimos textos neotestamentários onde se fala do uso do óleo da unção.
Como se pode ver claramente, trata-se de uma situação específica, havendo
critérios para o uso do óleo, e não da forma banalizada como vemos na Igreja
Brasileira, hoje, infelizmente.
Deve
haver confissão de pecados para que haja perdão e cura, uma vez que "muito
pode, por sua eficácia, a súplica do justo" (v. 16). Mais um santo do
Antigo Testamento é citado, o profeta Elias, como exemplo de oração confiante
no Senhor.
CONCLUSÃO
A
epístola de Tiago, assim como as demais do Novo Testamento, é extremamente
atual. A despeito dos distanciamentos hermenêuticos que possamos encontrar
nela, o que é perfeitamente natural em qualquer texto bíblico, esta epístola
toca diretamente na vida concreta do cristão individualmente e da igreja em sua
coletividade. Problemas destacados e tratados por Tiago são também problemas
que enfrentamos hoje. E a saídas por ele indicadas também continuam sendo as
mesmas para nós, no século 21.
REFERÊNCIAS
ARRINGTON, French L. STRONSTAD, Roger (ed.s.). Comentário
Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
Bíblia Shedd. Tradução de João Ferreira de Almeida. Edição rev.
e atualizada no Brasil. 2 ed. São Paulo: Edições Vida Nova; Barueri, SP:
Sociedade Bíblica do Brasil, 1997.
BRUCE, F. F. Comentário
Bíblico NVI: Antigo e Novo Testamento. Trad.: Valdemar Kroker. São Paulo:
2009.
CHAMPLIN, Russell N. Enciclopédia
de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol. 6. São Paulo: Candeia, 1991.
[1]
Graduado em Teologia, possui formação em Psicanálise Clínica, pós-graduado em
Psicopedagogia Clínica e Institucional, Mestre em Teologia pelas Faculdades
Batista do Paraná (FABAPAR) e atua como docente e coordenador pedagógica na Faculdade Brasileira (FABRA).
E-mail: roneyricardoteologia@gmail.com.
[2] A
despeito desta referência à epístola de Tiago, Lutero não proibiu a outros de a
usarem e nem que fossem livres para pensar da epístola o que bem pensassem: cf.
CHAMPLIN, Russell N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e
Filosofia. Vol. 6. São Paulo: Candeia, 1991, p. 529.
[3]
Como há em diversos outros exemplos, conforme indica Champlin: cf. CHAMPLIN,
Russell N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol. 3. São
Paulo: Candeia, 1991, p. 535.
[4] CARGAL, Timothy B. in:
ARRINGTON, French L. STRONSTAD, Roger (ed.s.). Comentário
Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p. 1.673.
[5]
Ver ARRINGTON. STRONSTAD, 2003, p. 1.677.
[6] ARRINGTON.
STRONSTAD, 2003, p. 1.680.
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O COACHING CRISTÃO É UM PROBLEMA?
O coaching cristão é um problema? Creio que sim, mas a idolatria presbiteriana a Calvino também o é. O excesso de citações de Ellen G. White, que sobrepuja a própria Bíblia, também o é. A overdose de santidade assembleiana também o é. O formalismo religioso e o legalismo das igrejas tradicionais e históricas também são problemas sérios para a vida cristã genuína. Enfim, no final, talvez o nosso problema maior seja a nossa incapacidade de olhar para dentro e tratar de nossos próprios problemas e parar de policiar outros seguimentos cristãos. Acredito piamente que a simples exposição da verdade bíblica é suficiente e poderosa para nos conduzir a uma vida cristã equilibrada. As Escrituras são suficientes e nossa vigilância punitiva só divide, e não acrescenta nada.
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sábado, 11 de abril de 2020
ENCICLOPÉDIA TEOLÓGICA: NUMA PERSPECTIVA TRANSDISCIPLINAR (EM DOIS VOLUMES)
COZZER, Roney Ricardo. Enciclopédia
Teológica: numa perspectiva transdisciplinar. vol.s. 1 e 2. São Paulo:
Editora Reflexão, 2020.
DESCRIÇÃO DA OBRA
O que você encontrará nesta Enciclopédia
Teológica: numa perspectiva transdisciplinar? Ao longo de mais de uma
década, o autor foi reunindo informações e também criando, ele mesmo,
"ferramentas" para facilitar seu trabalho de pesquisa e consulta
permanente. Agora, alegremente, ele compartilha com o leitor e leitora esse
conteúdo e "ferramentas", como artigos, verbetes, o Índice Temático,
dentre outros conteúdos.
Artigos e verbetes
São quase
300 ao todo! O autor aborda, de modo transdisciplinar, temas da Teologia,
Pedagogia, Didática, História, Filosofia, Psicanálise, Psicologia e de outras
áreas de conhecimento.
Cronologias
O autor
oferece cronologias resumidas e dinâmicas da História bíblia e da História
Eclesiástica, contendo o registro de eventos fundamentais que auxiliam o leitor
e a leitora na compreensão da sequência dos fatos que envolveram a História
bíblica e do Cristianismo.
Esboços de Sermões e
Palestras
São mais de 30, construídos com embasamento
bibliográfico de qualidade e sempre contextualizados. Numa época em que as
homilias se mostram cada vez mais empobrecidas, o leitor e a leitora se
surpreenderão com os conteúdos oferecidos e com os temas apresentados. Esses
esboços servem para auxiliar pregadores, pastores, educadores cristãos e
estudantes da Bíblia.
Índice temático
Uma espécie
de catálogo de obras que foram relacionadas pelo autor. Como o Índice funciona?
É simples (mas muito eficiente para a pesquisa): imagine que você deseja
pesquisar sobre Teologia Bíblica, por exemplo, mas não sabe exatamente por
quais obras começar. Nesse Índice, você encontrará obras alistadas dentro desta
área específica de conhecimento e de muitas outras. Por vezes, o autor não
apenas indica qual obra ou quais obras consultar, mas até mesmo a sequência de
páginas a serem consultadas.
Além desses recursos, a obra
também oferece textos devocionais, informações de cunho biográfico sobre
personagens da História da Igreja, abordagens atuais sobre temas relevantes,
tudo isso ao longo de mais de duas mil páginas!
FICHA TÉCNICA
ISBN (volume 1): 9788580884425
ISBN (volume 2): 9788580884432
Formato: 16 x 23 cm
Páginas (volume 1): 1005
Páginas (volume 2): 841
Editora: Reflexão
Autor: Roney Cozzer
Link para aquisição: clique aqui para adquirir
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