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domingo, 25 de abril de 2021
ENTREVISTA AO DIOGO PIRES NO EPISÓDIO 03 DO PODCAST FALA CRISTÃO
domingo, 11 de abril de 2021
PLANO DE AULA - HERMENÊUTICA BÍBLICA
PLANO DE AULA
DISCIPLINA: HERMENÊUTICA BÍBLICA
DATA: 24 ABR. 2021
APRESENTAÇÃO PESSOAL
Evangelista na Assembleia de Deus (ES), autor, professor e palestrante na área da Teologia. Mestre em Teologia pelas Faculdades Batista do Paraná (FABAPAR), possui formação em Psicanálise pelo Centro Teológico e Psicanalítico do Espírito Santo (CETAPES), é licenciado em Pedagogia e História.
Contato: roneyricardoteologia@gmail.com
Canal no YouTube: Repensando meu Cristianismo
Grupo no WhatsApp Teologia & Vida (compartilhamento de conteúdos)
DEVOCIONAL
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
Sua posição na Teologia.
Disciplinas correlatas (Exegese; Filologia Sacra; Homilética).
Sua importância e contribuição, na Academia e na Igreja.
INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
Bibliografia Básica
BENTHO, Esdras Costa. Hermenêutica Fácil e Descomplicada. 3ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
COZZER, Roney Ricardo. Hermenêutica e Educação: uma proposta de formação educacional a partir da leitura popular da Bíblia. Joinville, SC: Editora Santorini, 2020.
FEE, Gordon D. STUART, Douglas. Entendes o que lês? Um guia para entender a Bíblia com auxílio da exegese e da hermenêutica. Trad.: Gordon Chown. Jonas Madureira. 3ª ed. rev. amp. São Paulo: Edições Vida Nova, 2011.
RICOEUR, Paul. A Hermenêutica Bíblica. Trad.: Paulo Meneses. São Paulo: Edições Loyola, 2006.
Bibliografia complementar
Cultura Cristã, 2013.
EXPLICAÇÃO DA ATIVIDADE A SER REALIZADA EM SALA
Leitura de um breve texto e discussão em grupos (3 a 4 pessoas) e em seguida, apresentação dos resultados à classe. Cada grupo deverá escolher uma pessoa para ser a representante do grupo e falar aos demais colegas de classe.
1. DEFINIÇÕES INICIAIS
1.1 Definição etimológica
1.2 Definição teológica
1.3 Definição filosófica
1.4 Pressupostos fundamentais
1.4.1 O autor (hagiógrafo)
Os distanciamentos. Aproximações são possíveis.
1.4.2 O leitor contemporâneo
A importância do leitor.
Contribuições de Paul Ricoeur.
O círculo hermenêutico (H. Gadamer).
1.4.3 O meio
O texto bíblico como veículo da Revelação; suas especificidades.
2. SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS EM RELAÇÃO À EXEGESE BÍBLICA
3. JUSTIFICATIVA DA HERMENÊUTICA
"Analfabetismo bíblico-funcional" (COZZER).
Anacronismo bíblico.
O sitz im leben do texto bíblico como tópos substancialmente diferente do nosso.
4. OBJETIVOS DA HERMENÊUTICA
Elucidar o sentido do texto bíblico.
Oferecer princípios de interpretação bíblica.
5. TRABALHO EM GRUPO
Duração: meia hora.
6. PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO BÍBLICA
Raiz etimológica
Usus loquendi
Gênero literário
Contexto da passagem
Lei do uso
O ambiente histórico-social
A Bíblia como "unidade"
7. A QUESTÃO DOS GÊNEROS LITERÁRIOS DA BÍBLIA
Definição de "gênero" a partir da Poética de Aristóteles.
A importância de se identificá-los.
Poesia (suas características).
Salmos (suas características).
Narrativa (suas características).
Evangelhos (suas características).
Apocalíptica judaica (suas características).
8. HEBRAÍSMOS
O que são os hebraísmos.
Exemplos de hebraísmos.
Exemplos de hebraísmos no texto grego do Novo Testamento.
9. AS FIGURAS DE LINGUAGEM DA BÍBLIA
O que são.
Sua presença na Bíblia.
A importância de se conhecê-las.
Exemplos de tipos de figuras de linguagem: hipérbole, eufemismo, metáfora, símile, onomatopeia e ironia.
10. O USO DO ANTIGO TESTAMENTO PELO NOVO
A questão da intertextualidade na Hermenêutica Bíblica.
Os três níveis de utilização do Antigo Testamento pelo novo: citações, alusões e ecos (G. K. BEALE).
Exemplo prático: Oséias 11.1 por Mateus 2.15: uma ressignificação?
11. O MÉTODO HISTÓRICO-GRAMATICAL
Um método sincrônico.
Valorização do gramma.
Abertura ao sobrenaturalismo bíblico.
12. O MÉTODO HISTÓRICO-CRÍTICO
Um método diacrônico.
Crítica das fontes.
Crítica da redação (a teologia do autor).
Crítica das formas.
sábado, 10 de abril de 2021
O LIVRO DE JÓ (ESBOÇO DE SERMÃO)
INTRODUÇÃO
Nesta breve análise do livro de Jó, serão considerados alguns aspectos importantes dessa obra ímpar, como a sua estrutura literária, sua autoria, data de composição e sua mensagem. Mas inicialmente, é necessário discorrer sobre a literatura de sabedoria do Antigo Testamento, onde se situa o livro de Jó. Mesmo que se reconheça que exista certa independência do livro em relação aos demais livros classificados como de sabedoria e poéticos, eles possuem elementos comuns que os perpassam e que os conectam. Daí a importância de se considerar inicialmente esse gênero literário de sabedoria.
1. A LITERATURA DE SABEDORIA
Os Livros Poéticos ou Livros Sapienciais do Antigo Testamento são em número de cinco. Embora poucos livros, eles possuem um grande volume literário. Esses livros são: Jó (com 42 capítulos, Salmos (composto por 150 salmos), Provérbios (31 capítulos), Eclesiastes (12 capítulos) e Cantares (oito capítulos). Com exceção deste último livro, o de Cantares, os demais são livros extensos, com muitos capítulos. Exegetas católicos classificam também em cinco os livros chamados de “Sapienciais”, mas sinalizando alguns livros que não constam do cânon protestante. São eles: Provérbios, Jó, Eclesiastes, Sabedoria de Sirac (Eclesiástico ou Sirácida) e o Livro da Sabedoria (de Salomão).
A palavra “sabedoria” é muito recorrente nas Escrituras. No hebraico o termo é hokmâ e em grego sophia. Possui várias aplicações, podendo indicar desde a habilidade de um artesão, como em Êxodo 36.8, julgamento real (1 Re 3.28) ou piedade (Pv 9.10; Jó 1.1). Somos informados ainda de que a palavra “sabedoria” ocorre cerca de 400 vezes, sendo três quartos das ocorrências nos livros de Sabedoria (BROWN. FITZMYER. MURPHY, 2007, p. 883).
Um aspecto comum aos Livros de Sabedoria é a sua internacionalidade, que pode ser evidenciada pela presença de personagens não israelitas nesses livros, como os amigos de Jó, a “[...] comparação explícita da sabedoria de Salomão com a de povos do Oriente e do Egito [...] e pela nítida influência da sabedoria extrabíblica” (BROWN. FITZMYER. MURPHY, 2007, p. 883,84).
Outro aspecto comum aos Livros de Sabedoria é a sua ênfase na origem da sabedoria: Iavé. O Senhor é visto como o “princípio da sabedoria” (cf.: Pv 9.10, ARC). Outras palavras equivalentes a “sabedoria” aparecem também indicando que a sabedoria vem do Senhor: “ciência” (Pv 1.7, ARC), “saber” (Pv 1.7, NAA) e “conhecimento” (Pv. 1.29). Mormente no livro de Provérbios (mas não apenas nele) esta é uma ideia recorrente. O interesse pela sabedoria está presente em outros povos, como entre os gregos que produziram homens como Sócrates, Platão e Aristóteles, mas sem conhecimento de Deus.
Ainda outro aspecto muito importante sobre a sabedoria presente nos livros sapienciais é que ela possui um viés altamente prático (sabedoria experiencial). Dito de outra forma: a sabedoria nos Livros Sapienciais busca orientar para a vida. Não por acaso, esses livros de Sabedoria contém muitos provérbios, lições e ensinos extraídos do cotidiano e direcionados ao cotidiano (considere, por exemplo, o ensino de Eclesiastes 3 sobre o tempo e a descrição da mulher virtuosa em Provérbios 31.10-31).
Os Livros Sapienciais constituem um dos mais belos conjuntos de textos já produzidos pela humanidade. O livro de Jó aborda como nenhum outro a questão do sofrimento humano. O livro dos Salmos registra o que há de mais profundo em termos de adoração a Deus. O livro de Provérbios contém muitas máximas de sabedoria que se aplicam admiravelmente, mesmo após muitos séculos de sua composição. O livro de Eclesiastes, como nenhum outro, coloca em evidência a falibilidade da vida humana. E por fim, em linguagem poética, o livro de Cantares realça o amor conjugal.
2. O LIVRO DE JÓ
Neste tópico, consideraremos o livro de Jó quanto a alguns aspectos literários. Esse conhecimento prévio prepara o caminho para que se possa estudar a mensagem do livro.
2.1 Título e historicidade
O título do livro é alusivo ao personagem principal do livro: o patriarca Jó. Há divergências entre os comentaristas bíblicos sobre a historicidade desse personagem. A posição ortodoxa entende Jó como um personagem real, na História, sendo possível, inclusive, situá-lo de modo aproximado, no tempo.
Como argumentos em favor da historicidade de Jó tem sido citados os textos de Ezequiel 14.14,20 e Tiago 5.11, que se referem a Jó como um homem real. Inclusive do texto de Tiago sobre Jó é que, possivelmente, deriva o adágio popular: “Paciência de Jó”.
2.2 Autoria e data
A Crítica Bíblica se inclina a situar o livro de Jó no período pós-exílio. De fato, há fortes indícios de que a sua composição se dá depois do Exílio, como por exemplo a satanalogia presente no livro, bem desenvolvida e avançada, diferindo substancialmente do restante do Antigo Testamento nesse sentido.
Mesmo que se admita que o livro seja produto do período pós-exílio, não é incoerente pensar que o livro preserve uma tradição muito mais antiga. Com efeito, o livro evidencia que o autor conhecia muito bem um período que é de fato muito anterior: o período dos patriarcas.
Podem ser assim mencionados alguns detalhes interessantes, presentes no livro de Jó, que apontam justamente para a possibilidade dos fatos narrados no livro terem ocorrido no período patriarcal.
1. A medição da riqueza feita por animais (a mesma do tempo de Abraão; cf. 1.3);
2. A menção de povos muito antigos: os sabeus e caldeus (1.15,17);
3. A presença da expressão hebraica traduzida como “peça de dinheiro” só encontrada ali e em Gênesis 33.19 (considere o paralelo);
4. A maneira de Jó oferecer sacrifícios bem ao padrão patriarcal;
5. A longevidade de Jó, comum ao período patriarcal;
6. O uso frequente do nome divino Shaddai (31 vezes) em lugar de Iavé pode ser considerado como um indicativo de que o livro esteja relatando eventos de um período anterior ao Êxodo.
2.3 Sua estrutura literária
O livro de Jó possui uma estrutura que pode ser resumida, basicamente, da seguinte maneira: inicialmente, há uma parte histórica, que situa o personagem principal do livro e revela o pano de fundo do seu sofrimento (cap.s. 1 e 2); depois, seguem-se uma série de diálogos, começando com o solilóquio de Jó no capítulo 3, tendo lugar em seguida os discursos dos amigos de Jó – Elifaz, Bildade, Sofar e Eliú – (cap.s. 3 a 37); por fim, a partir do capítulo 38, temos a “resposta” de Deus (cap.s. 38 a 41). O livro encerra com o capítulo 42 que inclui a reação de Jó a resposta de Deus e alguns informes de cunho históricos.
O livro de Jó pode ser assim esboçado:
I. PRÓLOGO (cap.s. 1 e 2)
II. DIÁLOGO (cap.s. 3 a 31)
III. DISCURSOS DE ELIÚ (cap.s. 32 a 37)
IV. DISCURSO DE DEUS E RESPOSTA DE JÓ (cap.s. 38 a 42) (BROWN. FITZMYER. MURPHY, 2018, pp. 925-27).
3. SUA MENSAGEM (SUA TEOLOGIA)
O livro de Jó é lido, relido e admirado por milhões de pessoas, inclusive não cristãs, no mundo inteiro, ao longo de gerações. E ele continua oferecendo uma mensagem que fala às pessoas, no tempo atual. Sua teologia centra-se em torno de uma pergunta lancinante: “Por que sofre o justo?” Curiosamente, o livro não se preocupa em necessariamente “responder” a esta pergunta, embora a sua teologia gire justamente em torno dela.
Jó é um livro que retrata o sofrimento de um homem justo que entende estar sofrimento injustamente, sem merecer. Justamente por isto, um tema teológico que perpassa todo o livro é o da justiça. A maior seção do livro que vai do terceiro capítulo até ao 31, contendo o diálogo poético entre Jó e seus três amigos, Elifaz, Bildade e Zofar, é justamente uma discussão em torno do “[...] profundo problema teológico do significado do sofrimento na vida de um homem justo” (R. A. F. Mackenzie. Roland E. Murphy. Jó. in: BROWN. FITZMYER. MURPHY, 2018, p. 922).
Outro ponto interessante a se considerar que alguns teólogos católicos consideram o livro de Jó, juntamente com Eclesiastes, como uma possível reação aos demais livros poéticos que enfatizam a bênção decorrente da retidão e da obediência. No caso de Jó, o que ocorre é o contrário. Ele sofre e perde drasticamente tudo mesmo sendo irrepreensível.
Outro tema teológico muito importante no livro de Jó é o da perseverança. Jó é melhor compreendido como sendo perseverante, mais do que paciente, visto que ele, em determinados momentos do livro, se mostra realmente exasperado. Mackenzie e Murphy comentam: “O provérbio popular ‘paciência de Jó’ parece derivar da Epístola de Tiago [...]. Ele é tanto sem sentido (Jó não é paciente) quanto inexato (hypomone significa ‘firmeza’ ou ‘perseverança’). Jó é perseverante, apesar dos altos e baixos de sua experiência” (R. A. F. Mackenzie. Roland E. Murphy. Jó. in: BROWN. FITZMYER. MURPHY, 2018, pp. 921,22).
4. APLICAÇÃO
Podemos extrair diversas aplicações e reflexões para nossa espiritualidade a partir do estudo desse maravilho livro. Em primeiro lugar, destaco o fato de que a Palavra de Deus evidencia que a sabedoria divina continua disponível a nós, hoje, de modo que no Novo Testamento somos até mesmo incentivados a buscar do Alto essa sabedoria (cf.: Tg 1.5; 3.13-18).
Também aprendemos que Deus continua presente mesmo quando falta um sentido para o sofrimento que enfrentamos. E por mais chocante que seja, Jó nos ensina que Deus está acima dessa busca humana por sentido. "Não fazer sentido, em alguns momentos na existencialidade humana, faz todo sentido!"
Também aprendemos que nem sempre obteremos resposta de tudo que perguntamos ao Senhor. Observe-se que o livro de Jó é cheio de indagações e há uma grande e teológica pergunta que perpassa o livro: "Por que o justo sofre?" Todavia, curiosamente, o livro termina sem uma resposta contundente a essa pergunta! Longe disto, a partir do capítulo 38, o Senhor, ao "responder" Jó de um redemoinho, lança-lhe mais uma série de indagações.
Por fim, somos lembrados pela teologia de Jó que a vida implica sofrimento; homens e mulheres justos sofrem também. Sofrimento e bênçãos vem sobre todos. A chuva cai sobre justos e injustos, bons e maus.
CONCLUSÃO
No final do livro, Jó é retratado sendo amplamente abençoado por Deus e recuperando seus bens e tendo outros filhos, bem como tendo também sua longevidade estendida. Em 42.10 pode-se ler o seguinte: “E depois que Jó intercedeu pelos seus amigos, o Senhor o livrou e lhe deu o dobro do que possuía antes” (Almeida Século 21). Noutras palavras, podemos afirmar que o livro de Jó é também um livro de perseverança e de esperança.
REFERÊNCIAS
BROWN, Raymond E. FITZMYER, Joseph A. MURPHY, Roland E. Novo Comentário Bíblico São Jerônimo: Antigo Testamento. Trad.: Celso Eronides Fernandes. São Paulo: Paulus, 2018.
COZZER, Roney Ricardo. Introdução ao Antigo Testamento: Pentateuco, Livros Históricos, Poéticos e Proféticos. Cariacica, ES: Instituto de Educação Cristã CRER & SER, 2018.
AULA ABERTA: DELIMITAÇÃO DO TEXTO BÍBLICO
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Exegese bíblica
Por Roney Cozzer , teólogo e psicanalista. Este artigo foi extraído de: COZZER, Roney R. Enciclopédia teológica numa perspectiva transd...
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