sábado, 17 de julho de 2021

TABELA: HISTÓRIA DA HERMENÊUTICA BÍBLICA

Prezado(a) leitor(a), tabelas tem a grande vantagem de nos permitir organizar a informação de modo panorâmico. A tabela abaixo é um esforço para organizar, em ordem cronológica, os documentos, personagens e instituições que tem relação com a história da interpretação das Escrituras.


HISTÓRIA DA INTERPRETAÇÃO BÍBLICA

Documentos, personagens, conceitos e instituições relacionados à interpretação

Breve descrição

Ocasião histórica

Targums judaicos (no plural é targumim).

São traduções e comentários da Bíblia Hebraica em aramaico, produzidos em Israel e na Babilônia.

Período do Segundo Templo até o início da Idade Média.

A Septuaginta (LXX)

Tradução grega do Antigo Testamento hebraico. É considerada a primeira tradução completa das Escrituras, na Antiguidade.

Entre os séculos dois e três a.C.

Rabino Hillel

Desenvolveu sete regras.

Primeiro século da Era Cristã.

Pesher

Exegese desenvolvida pelos mestres essênios, na comunidade de Qumran. O peshat era o método literal, que considerava o aspecto filológico e o contexto histórico.

Primeiro século da Era Cristã.

Midrash

Forma narrativa desenvolvida pelos judeus, através da tradição oral. A palavra Midrash vem da junção de duas palavras hebraicas, "Mi" que significa "quem" e "Darash" que significa "pergunta". O plural de midrash não é midrashim, segundo a língua hebraica.

É um dos dois tipos de interpretação típicas da hermenêutica rabínica, juntamente com o Pesher. O Midrash consistia em buscar o sentido oculto que estava além do significado evidente da passagem.

Foi criada no século I mas a sua primeira compilação se deu apenas no quinto século d.C., no livro Midrash Rabbah.

O uso do Antigo Testamento pelo Novo Testamento.

“[...] os escritores do Novo Testamento usaram quase 300 citações do Antigo Testamento juntamente com centenas (ou até milhares, de acordo com alguns) de outras alusões a ele” (SILVA. KAISER JR., 2002, p. 202).

Primeiro século da Era Cristã.

Escola de Alexandria

Utilizava o método alegórico para interpretar as Escrituras.

Primeiros três séculos da Era Cristã.

Orígenes - anagogia

Seguia o método alegórico de Filo, adotado na escola de Alexandria. Utilizava a anagogia (palavra que significa “ascendente”), método que consistia em ascender a alma do nível da carne para o nível espiritual.

185-253/254 d.C. aproximadamen-te.

Escola de Antioquia

Utilizava a doutrina da theoria entendendo que as Escrituras possuíam um único significado que incluíam o literal, o espiritual, o histórico e o tipológico (SILVA. KAISER JR., 2002, p. 202).

Foi fundada, provavelmente, por Luciano de Samosata, por volta do final do terceiro século d.C.

Escola do Ocidente

Foi uma escola Eclética, pois utilizava princípios das Escolas de Antioquia e de Alexandria. Foi representada por grandes teólogos, como Jerônimo e Agostinho (SILVA. KAISER JR., 2002, p. 202). Incluiu um elemento que até então não havia sido considerado como uma questão importante: a autoridade da tradição na interpretação da Bíblia. Foram figuras de destaque dessa escola: Hilário, Ambrósio e principalmente, Agostinho e Jerônimo, o tradutor da Vulgata Latina.

Entre o quarto e o quinto século d.C.

Quádriga

Crê-se que foi João Cassiano, um monge e escritor asceta do sul da Gália, falecido no final do quinto século d.C., quem elaborou a Quádriga. Agostinho, tido como um dos principais representantes da escola Ocidental, defendeu também esse sentido quádruplo das Escrituras, a Quádriga. A Quádriga distingue quatro sentidos nas Escrituras, a saber:

 

1. O sentido literal ou histórico: busca o sentido evidente e óbvio do texto;

2. O sentido alegórico ou cristológico: é o sentido mais profundo apontando sempre para Cristo;

3. O sentido tropológico ou moral: relacionado ao cristão em sua conduta, e,

4. O sentido anagógico ou escatológico: relacionado ao futuro.

Início da Idade Média.

Tomás de Aquino

Defendeu o sentido literal como base para todos os outros sentidos das Escrituras, sem necessariamente negar esses sentidos. Na verdade, ele, assim como outros estudiosos medievais de destaque, manteve-se leal ao método alegórico, que prevaleceu como principal método na Idade Média. Aquino chegou a escrever uma defesa da Quádriga em Suma Teológica.

1225-1274


Elabora por Roney Cozzer

Referências para a tabela

NETO, Tiago Abdalla. Uma proposta de abordagem hermenêutica para a compreensão do uso do Antigo Testamento no Novo Testamento – parte 2. Teologia brasileira. [Site]. Disponível em: <https://teologiabrasileira.com.br/uma-proposta-de-abordagem-hermeneutica-para-a-compreensao-do-uso-do-antigo-testamento-no-novo-testamento-parte-2/>. Acesso em 17 jul. 2021.

SILVA, Moisés. KAISER Jr, Walter C. Introdução à Hermenêutica Bíblica: como ouvir a Palavra de Deus apesar dos ruídos de nossa época. Trad.: Paulo César Nunes dos Santos. Tarcízio José Freitas de Carvalho e Suzana Klassen. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2002.

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