quarta-feira, 29 de março de 2023

A Palavra de Deus escrita chega a todas as gerações e culturas (Resumo de capítulo) ✍🏻


RESUMO DO CAPÍTULO 5 DA OBRA: LIMA, M. L. C. A Palavra de Deus em palavras humanas: para ler e compreender a Escritura. São Paulo: Paulinas, 2020, p. 107-132.


Roney Cozzer


RESUMO


A obra A Palavra de Deus em palavras humanas (2020) é estruturada em sete capítulos, sendo o quinto capítulo (p. 107-132) dedicado a analisar o texto bíblico (detalhes, características, fundo histórico), a questão da transmissão textual da Bíblia, por meio de seus manuscritos, e considera ainda o trabalho da Crítica Textual. Um capítulo muito importante no escopo geral da obra. 

O capítulo oferece importantes informações relativas ao desenvolvimento (formação) e características do texto do Antigo Testamento e do texto do Novo Testamento. Destaca-se ainda o trabalho dos soferîm (estudiosos judeus) em torno da integridade do texto do Antigo Testamento, trabalho que durou séculos (do séc. I ao VI d.C.). Esse texto é assim considerado como proto-massorético. Depois desse período, tem lugar a época dos massoretas, que se estende do século VI ao X d.C. 

Os massoretas foram os responsáveis por introduzir no texto hebraico consonantal sinais de vocalização. Esse texto, portanto, que veio a ser desenvolvido pelos massoretas, é o que ficou conhecido como o texto massorético. Destacam-se os manuscritos que são considerados os mais importantes desse período dos massoretas: o Códice dos Profetas do Cairo (895/896 d.C.); o Códice Alepo (925/930 d.C.) e o Códice Leningradense (1008/1009 d.C.).

O Códice Leningradense foi o manuscrito que serviu de base para as edições críticas da Bíblia Hebraica no século XX: a Bíblia Hebraica de Kittel (1937), e a Bíblia Hebraica Stuttgartensia (1966 a 1976). A Bíblia Hebraica Quinta que está sendo preparada, com alguns volumes já publicados, é baseada na Stuttgartensia. Conquanto a autora não tenha mencionado, vale destacar que a Bíblia Hebraica Quinta emprega também as contribuições de outros textos, como os textos de Qumran. 

Sobre a Quinta, Edson de Faria Francisco comenta que ela dá continuidade à tradição da Bíblia Hebraica e será uma edição crítica menor “[...] do texto bíblico hebraico e trará uma seleção de casos mais relevantes de crítica textual que servirão, principalmente, para tradução e exegese” (FRANCISCO, 2005, p. 60). E o mesmo autor informa que diversas contribuições oriundas das novas descobertas no campo da Crítica Textual e da disponibilidade de manuscritos bíblicos têm sido empregadas nessa nova edição em andamento (FRANCISCO, 2005, p. 60).

Outra importante contribuição desse quinto capítulo da obra de Lima (2020) é a descrição que a autora faz de importantes versões da Bíblia, como a Septuaginta (LXX ou Setenta), a versão de Teodocião (que “[...] parece não ser propriamente uma tradução, mas o texto da Setenta retocado a partir do texto hebraico” [LIMA, 2020, p. 118]) e a Héxapla de Orígenes. A autora oferece informações também sobre as versões aramaicas, chamadas de targumim (plural de targum, que significa “interpretação”) e sobre versões latinas, incluindo-se, é claro, a Vulgata Latina.

Concluindo, a autora discorre sobre a transmissão textual dos livros bíblicos, o que implica, naturalmente, considerar os manuscritos da Bíblia. São explicitados também conceitos técnicos importantes no âmbito da Crítica Textual, que é justamente este estudo em torno dos manuscritos bíblicos. A autora apresenta diversos exemplos práticos de questões de Crítica Textual do Antigo Testamento, o que, a meu ver, facilita a compreensão desses aspectos mais técnicos da área. Conclui oferecendo explicação de critérios que são utilizados na escolha de uma variante textual no estabelecimento de determinado texto.


REFERÊNCIAS


FRANCISCO, Edson Faria de. A nova edição da Bíblia Hebraica: Bíblia Hebraica Quinta: texto, aparato crítico e massorá. Revista Caminhando. vol. 9, n. 1, 2005, p. 57-69.

LIMA, Maria de Lourdes C. A Palavra de Deus em palavras humanas: para ler e compreender a Escritura. São Paulo: Paulinas, 2020.


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