Por Roney Cozzer
Há alguns anos um experimento social muito interessante foi realizado com Joshua Bell, um famoso violinista estadunidense e um dos melhores do mundo! Ele foi convidado pelo jornal The Washington Post para tocar no metrô da cidade de Washington nos Estados Unidos. Convite que ele aceitou e de fato tocou no metrô por um pouco mais de 40 minutos, bem cedinho, quase às 8h, um horário de muito movimento no metrô.
O curioso é que ele arrecadou não mais que US$ 33, um valor significativamente inferior ao que as pessoas comumente pagam para ouvi-lo tocar e em ambientes bem mais confortáveis que um metrô super movimentado na cidade de Washington. Imagine só: um dos maiores violinistas do mundo, tocando o seu violino Stradivarius de 1713, avaliado em aproximadamente US$ 3,5 milhões, mas que passou praticamente despercebido!
Mas, o que explica esse fato no mínimo curioso?
Uma possibilidade que me parece bem plausível é que ele estava tocando para o público errado, e no lugar errado. E dessa curiosa experiência podemos colher uma importante lição para nossas vidas e trajetórias (existencial, ministerial, profissional, relacional): talvez o problema não seja a qualidade do nosso trabalho, nem do conteúdo ou produto que entregamos, mas sim das pessoas a quem direcionamos nosso trabalho e/ou conteúdo!
Durante vários anos em minha vida, e por várias vezes, eu toquei meu Stradivarius precioso para pessoas que não mereciam ouvi-lo. Fato da vida! E está tudo bem. Não estaria bem se eu tivesse permanecido tocando ele para esse perfil de público.
Aprendi a lição!
Hoje, sigo buscando tocar para o público certo. Convivi com pastores e gestores que não manifestaram o devido respeito ao meu talento e ao meu esforço. E quando convivemos com pessoas assim, somos tentados à frustração, à pensar que o problema somos nós e a qualidade do que estamos entregando. Mas não necessariamente! Pode ser que quem está ouvindo simplesmente não saiba (ou mesmo não queira!) apreciar a nossa música.
Ao constatar isso, passei a buscar novos públicos que valorizam minha música. Acomodar-se é perecer. Uma porta se fecha aqui, outra se abre ali. E vamos seguindo. Insistir em mais do mesmo é não sair do mesmo, e continuar sempre sofrendo as mesmas coisas. Se na Orquestra Sinfônica ou no metrô encontro quem aprecie minha música, é ali que quero estar. É mil vezes mais preferível estar onde minha presença é apreciada do que onde ela é suportada...
E foi assim, cônscio disso, que migrei, e continuo migrando: migrei de igreja, migrei de bairro e de cidades, migrei de relações, migrei de empregos e claro, migrei de mentalidade.
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