Por Roney Cozzer
Em praticamente toda a minha longa trajetória como evangélico, sempre vi a doutrina do rapto ser diretamente ligada ao medo e ao exclusivismo religioso.
Sempre que o assunto era abordado, era feito em tom temerário, sombrio e à luz de catastrofismo e do medo. Honestamente? No geral, era raro ver a doutrina ser abordada em tom exuberante de esperança e alegria.
O que ouvi durante muitos anos sobre o tema raramente se conectava às belas palavras de Paulo em 1 Tessalonicenses 4.17: "E assim estaremos com o Senhor para sempre". Lindas palavras!
Não romantizo o mundo. Ele é uma sucessão de horrores. Mas também é um lugar maravilhoso e de muitas possibilidades. E a religião não precisa torná-lo pior do que de fato o é.
Hoje, a ideia de que Cristo irá "raptar" alguns poucos milhões de pessoas, enquanto o restante do mundo queima sob os flagelos divinos mencionados no Apocalipse, me parece evidenciar um espírito sectarista, de exclusivismo religioso, de arrogância religiosa e ligado a esse eclesiocentrismo que marca a mentalidade evangélica.
Vale recordar, contudo, que o vento sopra onde quer. E que muitos virão do Ocidente e do Oriente e se assentarão à mesa, com o Filho de Deus. A salvação não é institucionalizada. Ela é dom de Deus, e um mistério profundo. Deus amou o mundo, não apenas os cristãos.
Entendo que a compreensão escatológica que adoto hoje é mais humana, mais solidária, que não se compraz em falar sadicamente de inferno e sofrimento para pessoas que não são cristãs. E é marcada por esperança. Esperança que me move no presente, no aqui e agora, tempo este que foi alcançado pelo Reino, Reino que é presente, não apenas futuro.
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